O Auto dos Reis Magos, de Gil Vicente, escrito a pedido da rainha D. Leonor para ser apresentado no Dia de Reis, foi uma forma pioneira de teatro religioso com as figuras do presépio ao vivo. Mais tarde passou a ser representado no adro das igrejas, para o povo assistir.
Por outro lado, existiam também os retábulos das igrejas, que representavam desde a Idade Média imagens do presépio, esculpidas, com maior ou menor relevo, em madeira.
A referência mais antiga a figuras de presépio em barro, em Portugal, encontra-se num documento do início do séc. XVI, em que se faz uma encomenda de figuras do presépio, para as infantas, filhas de D. Manuel I.
Realmente, só a partir dos finais do séc. XV/início do séc. XVI é que se pode falar em presépio, ou seja, as figuras das cenas de Natal libertam-se pouco a pouco das paredes dos altares, começam a aparecer pequenos grupos de figuras soltas, independentes umas das outras, que podiam ser admiradas de todos os lados e que permitiam montar cenas diferentes.
É esta a característica principal que distingue o presépio de todas as outras formas de representação do nascimento de Cristo: o presépio é modificável e pode ser montado de formas diferentes, numa época definida e num espaço de tempo estabelecido.
A partir daqui, as igrejas, os conventos e a corte encomendaram maravilhosos presépios a ceramistas, que eram montados no período do advento e guardados até ao ano seguinte. Destacam-se os elaborados presépios dos sécs, XVII e XVIII, que representavam, para alem das figuras principais, cenas do quotidiano e das regiões onde eram produzidos. Mais tarde saíram da corte e das igrejas passaram a enriquecer o Natal das casas privadas.
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