quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mais Experiências do 12ºE

O David Silva juntou à sua pintura um poema alusivo à mesma e ao próprio abstraccionismo:


Composição nº1

Vi as voltas tuas

envoltas nas voltas minhas.

Vi os teus semi-círculos

como quem viu

tuas espadas e armaduras.


Fui raiz quadrada de todos

os capacetes e elmos

e área de todos os campos de batalha

travados na circunferência dos teus olhos.


Fui escudeiro de todas as cores

bem comportadas

e sofri todas as investidas

de cada rasgo audaz de luz.


Apadrinhei os teoremas

e fui fiador de todos os estudos

a lápis de carvão.


Meu espírito escapava

nas profundezas dos pontos de fuga

e projectava formas a três dimensões;

Esquartejava motivos,

abstraccionava temas.


A triangularidade do meu nariz

cheirava vermelhos quentes

e verdes sem fim.


Vi triângulos e círculos

numa orgia de contentamento!

Vi danças horas a fio

e piruetas que incomodavam

o colega colorido -

vizinho das meias-luas.


Ao lado, um monte de palavras

espalhadas pelo chão.

David José Silva



Experiências do 12ºE

Na sequência do desafio lançado aos alunos de História A do 12º ano para recriarem ou se inspirarem em obras do Modernismo, eis alguns exemplos de trabalhos, partindo dos Abstraccionistas:


Ana Júlia Sanches

Marina Durante


Joana Prates


Beatriz Pereira



Ana Elvas

sábado, 20 de novembro de 2010

EXPERIÊNCIAS DA HISTÓRIA NA HISTÓRIA DE ARTE

Sónia Delaunay
Os alunos de História da nossa escola deram início à actividade Experiências da História na História de Arte.
Pretendem as professoras que os alunos, após o estudo e compreensão das correntes artísticas, autores e contextos históricos em que as correntes se inserem, experimentem e produzam, eles próprios, cópias de obras de referência ou originais inspirados nessas obras.
A turma 12ºE, de Humanidades, foi pioneira nesta actividade. Assim, foram muitos os alunos desta turma que revelaram os seus talentos e produziram obras francamente interessantes sobre as vanguardas/modernismo dos primeiros anos do séc. XX, que serão apresentadas neste blog.

Curiosamente, vários alunos escolheram "experimentar" obras do casal Delaunay, por isso, vamos recordar quem foram estes pintores:

Sónia e Roberto Delaunay, ela nascida na Rússia e ele nascido em França, viveram em Portugal, (Vila do Conde) entre 1915 e 1917, devido à I Grande Guerra que arrasava a França. Amadeu Souza-Cardoso. Almada Negreiros e Eduardo Viana, foram pintores do Modernismo português que se relacionaram com o casal. A obra dos Delaunay centra-se bastante no abstraccionismo, apesar de terem pintado também influenciados por outras correntes. Dentro do abstraccionismo, muitas das suas obras apresentam composições com círculos, como as aqui reproduzidas:
Robert Delaunay


Nos próximos posts iremos conhecer os trabalhos feitos pelos alunos inspirados na obra dos Delaunay.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dia da Música na ESQM -III

























actuações em vários espaços da Escola

Dia da Música na ESQM -II



d








Dia 1 de Outubro de 2010, Dia da Música na ESQM

DIA DA MÚSICA NA ESQM



O Dia Mundial da Música foi instituído em 1975 pelo Internacional Music Council, uma ONG sob o patrocínio da UNESCO, que pretende preservar a paz e a amizade por intermédio da música.
Este dia comemora-se há mais de três décadas em todo o mundo e, este ano, a Escola Secundária da Quinta do Marquês comemorou "em grande" tal efeméride.
Os nossos alunos músicos, espalhados pelos corredores, pátios, Biblioteca e Sala dos Professores, mostraram ao longo do dia à comunidade escolar as suas competências nesta área e deliciaram todos os que tiveram o privilégio de os ouvir. A actividade foi preparada com algum segredo, daí a surpresa para a maioria quando se começaram a ouvir os primeiros acordes.
O balanço foi muito positivo, pois para além do prazer da música, os alunos participantes sentiram-se valorizados e a amizade foi promovida, de acordo com os objectivos criadores deste dia.

O Portugal de há 100 anos


No dia em que o país comemora o centenário da Implantação da República, parece interessante recordarmos o Portugal dos últimos anos da Monarquia, para podermos compreender o contexto histórico da revolta republicana.

Vivíamos, antes do 5 de Outubro, numa monarquia constitucional. O documento legislativo base da nação era a Carta Constitucional, redigida e outorgada por D. Pedro IV em 1826, e em vigor, pela terceira vez, desde 1842.
O regime assentava no rotativismo partidário, alternando à frente do governo os partidos monárquicos Regenerador e Progressista. O Partido Republicano, fundado em 1876, crescera substancialmente, devido ao desgaste da imagem da classe política portuguesa. Em 1906, João Franco tinha sido nomeado chefe do Governo e, no ano seguinte, é dissolvido o Parlamento e João Franco passa a governar "em ditadura".
Em 1908 dá-se o regicídio, sendo assassinados o rei D. Carlos e D. Luís Filipe, o príncipe herdeiro. Assim, o jovem D. Manuel II ocupa inesperadamente o trono.

Em termos sociais, o nascimento determinava a classe social a que os portugueses pertenciam, diferenciando-os em privilegiados (nobreza) e não privilegiados (povo). A esmagadora maioria da população vivia no campo; o operariado urbano era miserável; as classes médias lutavam contra a pobreza e a burguesia capitalista era diminuta e pouco investidora. A nobreza ocupava hereditariamente cargos públicos e administrativos. O clero, através da Igreja Católica, tinha um papel de relevo na nação, sendo o catolicismo a religião do Estado.
Cerca de 70% dos portugueses eram analfabetos e, no caso das mulheres, estima-se que mais de 80% da população feminina não sabia ler nem escrever.

Economicamente, o liberalismo económico português tinha fomentado a abertura ao capital estrangeiro e fora esse dinheiro que financiara grande parte das obras públicas da segunda metade do séc. XIX (caminhos de ferro, fornecimento de água e gás, transportes urbanos, etc), deixando a nação subordinada ao investimento estrangeiro. O défice das finanças públicas crescia sem controle, aumentando as despesas com as obras públicas e os gastos coloniais. As receitas provinham essencialmente dos impostos, cada vez mais pesados, e das remessas dos emigrantes no Brasil, mas eram insuficientes, por isso se recorreu sucessivamente aos empréstimos do estrangeiro. Face à excessiva dívida pública, ao incontrolável défice orçamental e à crescente dependência do capital estrangeiro (investimentos e empréstimos), o Estado português declara a bancarrota em 1892. A partir daqui a economia toma um carácter proteccionista.

O sentimento anti-monárquico cresceu muito no final do séc. XIX/início do séc. XX, acompanhando um período muito agitado em Portugal: o Ultimatum britânico (1890); a primeira tentativa de derrube da Monarquia (o fracassado 31 de Janeiro de 1891, no Porto) ; a declaração da bancarrota; a ditadura de João Franco; o regicídio...
Dia 4 de Outubro de 1910 eclode em Lisboa uma revolta republicana, e no dia seguinte, 5 de Outubro, a Primeira República Portuguesa é solenemente proclamada a partir da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
É este facto que hoje, 100 anos depois, comemoramos.
Mais interessante do que a efeméride em si, será reflectirmos sobre os sucessos e insucessos do novo regime político e sobre o que herdámos do novo modelo. Fica a sugestão.

Luísa Godinho