segunda-feira, 22 de março de 2010

Rosa Coutinho, o Almirante Vermelho



Estamos a aproximar-nos do 25 de Abril, efeméride em que mais uma vez, este ano à sombra das comemorações da República, será lembrada a grandiosidade do movimento dos Capitães de Abril. Rosa Coutinho era um deles, o enviado do MFA a Angola, para "tratar" da descolonização, e possivelmente um escolhido da URSS para a missão. Foi pelas suas mãos que chegaram a Angola armas, e sob a sua direcção que começou a sangrenta Guerra Civil que envergonha o nosso processo de descolonização.

4 comentários:

  1. O tema que o Diogo traz hoje para reflexão deve ser encarado com alguma atenção. A figura e acção de Rosa Coutinho na Revolução do 25 de Abril e na descolonização não têm sido estudadas com serenidade e objectividade. A pessoa em questão ainda está viva, o que é, normalmente, condicionante. Muito (do pouco...) que tem sido escrito parte de pessoas que viveram a descolonização angolana e foram afectadas por ela. À volta de Rosa Coutinho têm sido "criados" (?) casos como o de uma famosa carta de 1974, cuja autoria lhe é atribuída, mas que o próprio e muitos têm classificado como falsa (?), carta essa onde o militar terá instigado Agostinho Neto (líder do MPLA)a dar instruções aos militantes do MPLA para que iniciassem uma onda de violência extrema contra os brancos, com vista a que estes abandonassem o território angolano.
    Enquanto a sua participação na História (para além do referido, o seu papel como Governador de Angola, a sua acção na tentativa de golpe militar do 25 de Novembro, a sua relação com o MFA, a sua ligação ao PCP, o contexto de Guerra Fria onde a sua acção se poderá inserir...), enquanto tudo isto não for estudado, há a tentação de usar expressões e palavras inflamadas como o Diogo usou.
    A investigação histórica tem aqui muito «pano para mangas»...
    Luísa Godinho

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  2. O Prof. Freitas do Amaral relata, nas suas memórias, o que foi discutido em Conselho de Estado no ano de 1974, especialmente em relação à descolonização. São identificáveis várias posturas: a dos Spinolistas; a dos que acreditavam num modelo de Commonwealth; a dos que queriam "largar" as colónias; a dos que queriam uma entrega das colónias à URSS.

    Claramente, os militares afectos ao PCP eram, na sua maioria, apoiantes da última via, e é aí que surge Rosa Coutinho. Membro da marinha, o Almirante era publicamente apoiante do PC, e personificou as posições mais extremadas tomadas pelo MFA. A sua ligação à descolonização é incontestável; por isso, conhecendo o passado de Rosa Coutinho e sabendo qual era o seu pensamento político, é possível dizer que a sua vontade era a de transformar Angola num estado comunista, dependente da URSS.

    Relembro a influência que as negociações moderadas por Rosa Coutinho têm ainda hoje. Foram militares do MFA que, sob as suas ordens (pois como o próprio diz, era o máximo comandante da região), e desobedecendo às resoluções que o MFA havia tomado, inserem no território de Cabinda membros do MPLA. A conferência de Alvor é o primeiro acontecimento em que se consideram juntos os estados de Angola e Cabinda, e em que o Governo Português, representado por Rosa Coutinho, viola o Tratado de Simulambuco.

    Os conflitos entre Angola e Cabinda podem ser imputados à sua acção.

    Quando referi a guerra civil angolana, não falava do massacre que os brancos sofreram. Referia-me às lutas entre os diversos "partidos" ou movimentos independentistas. Rosa Coutinho sentou na mesma mesa o MPLA, a UNITA e a FNLA, e daí saiu a discórdia. A guerra, fruto desses desentendimentos, durou até 2002, e morreram cerca de 500 mil pessoas.

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  4. Lamentavelmente as actas do Conselho de Estado desde o 25 de Abril até ao ano quente de 1975 desapareceram. Portanto não podemos confirmar o que foi dito por Freitas do Amaral, apenas conjecturar e isso não consubstancia facto em História

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