terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Adesão da Turquia: sim ou não?


A Turquia vive um conflito entre os islâmicos moderados e os fundamentalistas. Felizmente, o governo e a maioria das patentes das forças armadas são moderados, mas precisam da ajuda dos países democráticos para evitar que a Turquia se transforme num país fundamentalista. Convém não esquecer que a Turquia tem o sétimo exército mais poderoso do mundo.

Quando estive em Istambul, vi, no estreito do Bósforo, várias plataformas petrolíferas. Instambul é uma cidade verdadeiramente cosmopolita e ocidental. Na avenida principal de Istambul, visitei uma lindíssima igreja cristã e não era a única em Istambul. Penso que a Turquia, desde a visita de Barak Obama, deixou de estar interessada em aderir à U. E., vamos lá saber qual a razão?!... A U. E. perdeu, desde há algum tempo, a sua identidade, sobretudo, a partir da adesão dos países do leste, ex-comunistas. Neste momento, aquilo que denominamos U.E. é um conjunto de estados diversos, em que alguns deles nunca foram um bom exemplo de democracia e que vivem em situações políticas muito periclitantes, como é o caso da Ucrânia. Os recentes países que aderiram à U.E. estão longe de cumprir os critérios de Copenhaga, mas, no entanto, nem por isso deixam de pertencer à União.

Na verdade, qual o interesse da Turquia em entrar numa U.E., uma União com 85 milhões de pobres, repito 85 milhões de pobres, e mais de 25 milhões de desempregados? A Turquia continua a ser um país da N.A.T.O. de corpo inteiro, com o apoio militar da maior potência mundial, os E.U.A.

Lamento, mas a E.U. não é herdeira desse “espírito ocidental”, mas, sim, de uma economia de mercado que colide, há muito, com os valores cristãos, valores que não são abstractos, uma vez que estão explícitos nas encíclicas dos Papas contemporâneos, João XXIII, (Pacem in Terris) Paulo VI (Populorum Progressio), João Paulo II (Laborem Exercens), (Centesimus Annus), Bento XVI (Caritas in Vertitate). Lamento, mas o projecto Europeu constituiu, a meu ver, um projecto de despiritualização, de materialização dos valores europeus, dominados por uma ideologia tecnocrata, sem rosto e niilista. O problema da U.E. não é a Turquia, mas a própria U.E.

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-in-veritate_po.html

José António, Prof. de Filosofia da ESQM

4 comentários:

  1. Interessante seria saber o que entendes por "espírito ocidental", é o do primado dos valores culturais e imateriais? São os valores cristãos? Então ...e as encíclicas tão bem intencionadas... não referem os bancos e negócios do Vaticano e sua materialidade?...Ainda bem que aqui colocaste esta literatura papal, hei-de ler...não se pode é "embarcar" nesta lógica de que os valores cristãos são bons e os outros maus... que e UE iria ser um problema para si própria já se calculava...alguém pensava que a UE iria resolver os problemas dos pobres, do desemprego?... Sou de uma zona agrícola e de produção de vinho, perto de Lisboa...ainda tenho na cabeça as sonoridades dos lagares em Setembro, a minha infância foi marcada positivamente por este tempo alegre, embora pobre, de auto subsistência...Passado pouco tempo de estarmos na EU, a depressão instalou-se na aldeia, as vinhas tinham sido arrancadas com toda a eficiência...a lógica era a do colectivo(a UE), tinha que ser vendido o vinho francês... O espírito tecnocrata, que referes está aqui bem espelhado neste exemplo...
    Parece-te que a leitura das encíclicas me tranquiliza?
    Isabel Isidoro

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  2. A Caritas in Veritate contém interessantíssimas ideias para uma estruturação social e denúncias incómodas que a comunicação social abafou.
    Não se pode acusar a Igreja de silêncio com o que se está a passar.
    E, já agora, onde está a liberdade de expressão, se só alguns têm o seu eco?

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Peço desculpa, mas o meu teclado não está bom.

    Há quem diga que o "Espírito Ocidental" morreu em Auschwitz e no Monte Cassino.

    De qualquer forma, a Encíclica de João Paulo II, Laborem Exercens (sob o trabalho humano)é de leitura obrigatória.

    José António

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