domingo, 14 de fevereiro de 2010

O General sem medo


Humberto da Silva Delgado participou activamente no golpe militar de 28 de Maio de 1926, que levou ao derrube do regime republicano parlamentar e instituiu a ditadura militar que vigoraria até 1933, data em que foi constituído o Estado Novo, liderado pelo Doutor António Oliveira Salazar. Delgado foi durante alguns anos grande defensor do regime, devido, sobretudo, ao seu carácter anti-comunista. Depois de ter ocupado elevados cargos nas Forças Armadas, foi nomeado, em 1952, adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos Representantes Militares da NATO. Durante a sua estada nos EUA, Delgado modificou as suas concepções políticas. Foi, então, em 1958, convidado por opositores ao regime de Salazar a candidatar-se à Presidência da República, opondo-se ao candidato do regime, o Contra-Almirante Américo Tomás. Aceita e congrega à sua volta toda a oposição ao Estado Novo. Quando foi entrevistado durante a campanha eleitoral e lhe perguntaram o que faria a Salazar se vencesse as eleições, o General Delgado respondeu peremptoriamente: “Obviamente, demito-o”.

Embora tenha tido um apoio popular sem precedentes, acabou por perder as eleições devido à fraude eleitoral montada pelo regime de Salazar. Após a derrota eleitoral, foi perseguido e teve que se exilar no Brasil. No dia 13 de Fevereiro de 1965, em circunstâncias pouco esclarecidas, julgando ir ao encontro de opositores a Salazar, é assassinado, em Badajoz, juntamente com a sua secretária, por agentes da PIDE, liderados pelo inspector Rosa Casaco. Depois da revolução dos cravos é promovido a Marechal, a título de póstumo, e cognominado “General sem medo”. O General Humberto Delgado é um símbolo da resistência não-comunista ao regime ditatorial, uma das figuras mais importantes da nossa história contemporânea. Ontem, dia 13 de Fevereiro, fez, exactamente, 45 anos que o general tombou em terras de Espanha, junto à fronteira portuguesa, desaparecendo com ele todas as esperanças dos democratas, e de toda a oposição não-comunista.

José António, prof. de Filosofia da ESQM

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